HISTÓRIA DE ALAGOAS
Jaraguá - início do Século passado
Dário Augusto
Trabalho entregue ao professor Alberto Saldanha - 2009 - Disciplina : História de Alagoas Republicana
Resenha Analítica
O
homo inimicus: Igreja, ação social católica e imaginário anticomunista em
Alagoas
Segundo Medeiros, o discurso anticomunista da
Igreja Católica foi de fundamental importância na época, e encontrou total
apoio no governo do estado à época do golpe. O governante de Alagoas era Luiz
Cavalcante, um dos governadores que mais apoiaram os militares, ajudando na
captura e prisão imediata dos “rebeldes comunistas”.
Luiz Cavalcante entra
em ação, entre outras coisas, graças a desconfiança que os militares tinham em
Muniz Falcão, já que ele era favorável “às organizações sociais e ao avanço das
lutas sociais em Alagoas” (pág. 135). Quando Muniz Falcão sai de cena, a
situação se altera. Cavalcante era militar e declaradamente
anticomunista.Tornou-se um dos principais articuladores no nordeste do golpe
militar.
Mas além do governo de
Cavalcante, haviam também outras forças apoiando o golpe dentro do estado: o
complexo IPES/IBAD esteve presente no estado, de forma indireta, através do Jornal de Alagoas, que fazia parte da
rede dos Diarios Associados. Essa
organização publicava notícias com o intuito de manipular a opinião pública a
favor da direita, e “criar um clima propício à deposição de Goulart e a
contenção da mobilização popular” (pág. 136). Em prol dessa contenção, Luiz
Cavalcante até permitiu uma reforma agrária. Contida e maquiada, apenas para
acalmar as massas e o movimento das Ligas Camponesas.
E foi nesse contexto
que o discurso da Igreja ganhou força. A Igreja alertava para o “perigo
comunista” que João Goulart representava. A Igreja e a imprensa (local e
nacional) acusavam Jango de estar articulando um golpe comunista para dominar o
país. Líderes da Igreja convocaram o povo a resistir contra, articulando a
nível nacional a “Marcha da Família com Deus”. Em 31 de março de 1964,
condizente com os acontecimentos nacionais, o governador Cavalcante convoca uma
ação policial para prender os “radicais” líderes esquerdistas: do DCE Ufal, da
UESA, da CGT.
Todo o movimento foi
apoiado pelo Arcebispo D. Alberto Machado, que celebrou uma missa em ação de
graças pela vitória da “revolução”. Mas, não se pode entender o discurso
anticomunista da Igreja sem entender o contexto da época. “A Igreja Católica, tendo na tradição
o elemento agregador de sua existência temporal, optou por contribuir com a
manutenção do instituído, diante de mudanças que poderiam ameaçar sua própria
sobrevivência enquanto instituição.” (pág.
146).
Gradativamente, e mais
especialmente na década de 1970, a Igreja foi se distanciando do apoio aos
militares. Mas seu discurso foi fundamental para enraizar no imaginário popular
as concepções sobre comunistas e a dicotomia entre direita e esquerda.
Alagoas
e o Golpe de 1964
Anivaldo
de Miranda concentrou-se nos cenários que antecederam ao
golpe.
Graças à articulação de
Muniz Falcão (antes de ser deposto), os movimentos populares ganharam força.
Entre eles, especialmente o PCB e sua juventude, que tentou resistir como pode
ao golpe. Através do jornal que publicava, A
Voz do Povo, o partido ganhou voz, numa época em que era semi-clandestino e
sofria atos de repressão.
O movimento cresce e
ganha o apoio de categorias como petroleiros, rodoviários, bancários,
trabalhadores dos correios, setores de pequenos e médios empresários e da esquerda
e da juventude esquerda católica. Iniciaram um movimento sindical urbana e
rural. Tornou-se uma das forças políticas do estado. E isso incomodou a
oligarquia rural.
“Tão
efervescente era esse movimento político-social animado pela esquerda daquela
época, que Alagoas terminou por transformar-se em um dos pólos da conspiração
direitista em favor do golpe militar, talvez até o principal foco golpista do
nordeste.”
(MIRANDA, 2004,
p. 08)
Enquanto Muniz Falcão
esteve no poder, o PCB participou da gestão de secretarias de estado, como as
de Segurança Pública e Educação, administradas pelo casal Oest.
No golpe de abril de
1964, os principais líderes do PCB e do jornal foram presos, e as instalações
do jornal, queimadas. Com essas prisões, o movimento foi desarticulado, mas por
persistência e memória ao movimento, aos poucos a organização se reorganizou e
voltou a se firmar diante do processo de redemocaratização.
O
poder dos militares e nas “mãos” de um civil
No seguinte texto, James Washington Santos traça a
trajetória dos governos estaduais durante a ditadura militar até Divaldo
Suruagy.
Após o golpe, o governo
de muitos estados foi destituído. Menos o nosso, já que Luiz Cavalcante apoiou
os militares, sendo ele também um militar. Iniciou sua carreira política
através da direção da Comissão de Estrada e Rodagens. Chegou ao governo em
1961. Seu Plano Trienal foi elogiado e projetou Alagoas como um estado
promissor na época, investindo nas condições de vida da população, que
conseguiu estruturar o governo. Criou órgãos como CEAL e CASAL.
Governou até 1966.
Deveria passar o cargo para Muniz Falcão, quando o governo federal decreta
intervenção ao estado, já que o novo governador tinha um histórico de “apoio”
aos movimentos sociais pré- golpe 64. Entra no lugar dele o general João
Batista Tubino, que prepara a transição de governo até setembro de 1966, quando
toma posse Lamenha Filho, eleito via eleições indiretas.
Lamenha Filho governou
durante os principais governos do regime: Castelo Branco, Costa e Silva e no
começo da gestão Médici (pág. 5). Trabalhou de maneira “aberta”, não apenas
para a ARENA (seu partido).
Após Castelo Branco,
“os presidentes passaram a não olhar o Governo Lamenha Filho com bons olhos,
pelos seguintes motivos: 1. Os ofícios reservados ao Comando Militar local,
invariavelmente publicados na resenha do Diário Oficial; 2. Recusou em tornar
sem efeito o ato de nomeação de um juiz concursado, preterido 8 vezes sob a
alegação de que havia sido comunista na juventude.” (pág. 6).
(Ver quadro de
Realizações do Governo Lamenha Filho pág. 7)
Em março de 1971
Afrânio Lages foi nomeado via eleições indiretas. O estado procurava elaborar
projetos que atraíssem recursos para o Plano de Desenvolvimento. Deu
continuidade as ações de infra-estrutura e economia dos governos anteriores.
Mas o estado continuava baseado na agroindústria açucareira.
Esses dois governos
poderiam ter avançado mais no desenvolvimento do estado. Ficaram atrelados a alguns
setores, como saúde, é não valorizaram outras áreas.
A ascensão de Divaldo Suruagy até o governo se deu na
mudança de governo nacional: de Médici para Geisel, em 1974. Representantes do
ARENA visitaram Alagoas para a escolha do novo governador: senador Petrônio
Portela e o deputado Marco Maciel. Eles entrevistam possíveis candidatos ao
cargo, entre eles Suruagy. Graças ao seu desempenho e a encontros “casuais” com
o Senador, as chances (mínimas) de Suruagy aumentam. Chamado pelo próprio para
uma conversa em Brasília, têm seu nome levado por Portela ao presidente Geisel.
É escolhido. Suruagy escolhe para seu senador Teotônio Vilela.
Segundo James, os
pontos que ajudaram na escolha por Suruagy foram: experiência na administração
pública e obediência ao regimento do seu partido, ARENA. O fato de não ser de
família de tradição agro-açucareira ajudou também, já que isso não o prendiam a
uma dicotomia interesses da oligarquia local/interesses do governo (pág. 13).
Outro ponto citado pelo autor é também o fato de ter convivido com outros
governadores do regime.
Assim, em 15 de março
de 1975, Suruagy toma posse. Viria a ser a maior liderança política nas décadas
de 19070 e 1990, governando o estado por 3 vezes (pág. 16). Lançou na
Assembléia Legislativa o documento “Elementos para a formulação de uma
estratégia de desenvolvimento de Alagoas”, uma espécie de “filosofia de
governo” e os caminhos a serem trilhados (pág. 16). No primeiro ano de governo,
Suruagy buscou preparar o caminho para aplicar a conquista das metas do Plano
de Ação do governo nos outros três anos de governo.
James dá destaque para
os investimentos em infra-estrutura que
ganharam mais importância do governo. Vale salientar, eram determinações do
governo militar. Esses investimentos, particularmente, criaram uma “atmosfera”
de desenvolvimento, progresso, como a entrega de grandes conjuntos
habitacionais. Exemplo disso é o Conjunto Benedito Bentes. Enquanto isso,
outras áreas sociais receberam menos recursos.
Antes mesmo de seu
governo acabar, Suruagy sai, para poder concorrer as eleições como Deputado
Federal, em 1979. Finalizando suas idéias o autor coloca como requisito
fundamental do êxito do governo Suruagy a sua subserviência aos militares e ao
governo nacional, que o deu total apoio em troca.
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