TCC - Dário Augusto
CAPITULO I: DA QUEDA DO IMPÉRIO A
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
O
período que compreende os anos de 1850 a 1870, é considerado como a fase de
apogeu do Segundo Império brasileiro que se caracterizou pela estabilidade de
todas as Instituições apoiadas no “boom” econômico proveniente do surto da
atividade cafeeira, na alternância do poder entre os partidos Liberal e o Conservador
e uma realidade contraditória e quase desprovida de participação em suas
decisões maiores (mesmo existindo uma Câmara dos Deputados e Parlamento
Vitalício) onde a maioria da população constituída por “escravos”, “libertos” e
“brancos pobres” analfabetos não poderiam votar nem serem votados.
A
“estabilidade” política acentuava-se no funcionamento de seu sistema
parlamentarista sob a qual estavam apoiadas as relações entre o poder moderador
(monárquico) e o poder executivo (representados pelos ministros e próprio
Primeiro-Ministro), e o embate entre os poderes legislativo, executivo e o
próprio Imperador que dispunha a seu favor do poder moderador de convocar eleições, dar posse, dissolver a
Câmara e o próprio Parlamento.
A
configuração do governo era dada pela maioria parlamentar que indicaria quem
seria o Primeiro-Ministro que ficaria no poder enquanto dispusesse da maioria
no Parlamento.
Liberais
e conservadores governavam o país sem distúrbios, exceto os provocados pelas
disputas políticas durante as eleições, ou o jogo de disputas ou influências
frente ao Imperador. Essa aparente “normalidade política” escondia algumas
distorções decorrentes da própria natureza do poder moderador que falseava a
idéia de democracia e na prática ficaria a depender da forma às vezes
“irresponsável e arbitraria” como o Imperador fazia o uso desse poder
moderador, que em boa parte das vezes ficava a depender dos conchavos políticos
da bajulação que transformaram o jogo
político numa disputa de “camarinhas”, sempre a procura de favores pessoais.
Além
de todos estes fatores a identidade ideológica dos componentes dos dois maiores
partidos político da época – o Liberal e o Conservador – tinham uma proposta
muito semelhante, já que ambos representavam
socialmente e politicamente os interesses de uma mesma classe social , ou seja,
as elites agrárias, latifundiários, escravocrata e comercial, daquele momento
histórico.
Dois ditados populares
muito comuns na época diziam que “nada mais parecido com um Saquarema do que um
Luzia no poder” ou “nada mais conservador do que um liberal no poder”, estes
dois ditos populares refletem o caráter altamente conservador da estrutura do
poder político na época, onde as mudanças eram quase imperceptíveis.
Segundo Nabuco de Araújo,
conselheiro do Império na época referindo a estrutura do poder político: “o
poder moderador chama quem quer para presidir o ministério, e este faz a
eleição, porque há de fazê-la necessariamente, esta faz a Câmara que obedece ao
ministério o qual obedece por sua vez ao Imperador.” LEITE (1978, 86)
Eis aqui como
funcionava o nosso sistema representativo de pouca representatividade social.
A principal distorção
daquele sistema estava associado à sua base política, onde além do caráter anti-democrático que
possuíam, as eleições eram totalmente controladas pelo poder executivo, eleições
cujo o processo decorria desde o alistamento dos eleitores na paróquias (ou
freguesias) até a apuração dos votos.
Outro aspecto que
representava a estabilidade política do Segundo Império repousava no
relacionamento entre o poder Central e suas províncias. A monarquia foi
“percebida” como um meio de concretizar esta unidade política e territorial, a
despeita das idéias separatistas que proliferavam ao longo dos anos. Ao longo do
período Regencial as idéias de cunho federalistas ganharam maior expressão, e o
governo do Brasil naquele período histórico cria o “Ato adicional de 1834” , estabelecendo uma
série de instrumentos jurídicos que concebem maior autonomia as províncias, transformando
o Conselho Provincial em Assembléia Provincial , que escolhia o presidente
de cada província, cuja atribuição de escolha, pertencia anteriormente ao
Imperador. Porém, “a Lei de Interpretação” de 1840 retrocedeu extinguindo o Ato Adicional
de 1834, voltando ao Imperador o poder de indicar o presidente de cada
província do regime monárquico.
Durante o II Reinado
toda a organização política – administrativa do país tendem a se tornar cada
vez mais centralizada e a hierarquia administrativa era essencialmente
burocrática e de difícil acesso.
A economia brasileira
estava baseada ainda em alguns fundamentos da “economia colonial”: 1) produção
de produtos primários (agrícolas) destacados basicamente para o atendimento do
mercado internacional; 2) o setor agropecuário era o mais importante e
representativo da economia brasileira a nível de sua balança de pagamentos; e
3) utilização ainda da mão-de-obra escrava como fundamento de mão-de-obra braçal.
Segundo o economista
Caio Prado Júnior em sua obra “HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL” referindo - se a
economia brasileira durante o II Império:
“ a segunda metade do século XIX, assinala um momento de maior
transformação econômica na história brasileira, e são essas transformações que
resultam em última analise da emancipação do país da tutela política e econômica da metrópole
portuguesa.” PRADO JÚNIRO (1973, 192)
A vida econômica foi fruto
basicamente do “boom” da atividade cafeeira e de outras atividades produtivas como
a instalação das primeiras fabricas de tecido que teriam se iniciado durante o
II Império e outras atividades econômicas tradicionais como a cana-de-açúcar e
o algodão.
O clima de estabilidade
econômica vivenciada durante o II Império criou uma atmosfera de progresso e um
otimismo que contagiou basicamente a elite daquela época.
Fundaram-se 62 empresas
indústrias, 14 bancos, 03 caixas econômicas, 20 companhias de navegação a
vapor, 23 companhias de seguro, 04 companhia de colonização (estrangeiras), 08
companhias de mineração, 03 de transporte urbano, 02 de iluminação a gás e 08
de estrada de ferro.” PRADO JÚNIOR (1973, 192)
Por outro lado, os
investimentos estrangeiros, oriundos majoritariamente da Grã-Bretanha eram cada
vez maiores.
“Ainda
que o total do capital britânico na América Latina, em 1850, fosse pequeno, ele
aumentou em ritmo constante durante a década de 1850/60, mesmo que as
aplicações de capital diminuíssem durante os anos de 1873/79, em 1890 o valor
nominal do capital britânico investido na América Latina totalizaram 179
milhões de libras. Desta quantia, 38,8 milhões foram aplicados no Brasil. A Grã
– Bretanha em 1850 sofreu um processo de rápida e constante modificação (...) o
capital era mobilizado para novas invenções
(...) no próprio país e no exterior” GRAHAN (1973, 15)
A
principal rota da prosperidade econômica era decorrente da atividade agrícola.
A dispensa do incremento das atividades industriais consolidou a atividade
agropastoril, no contexto da economia brasileira durante o II Império.
A
partir de 1850 o café cujo à produção em larga escala iniciara-se na época da
independência, estendeu-se pelo interior paulista após ter ocupado todo o Vale
do Paraíba.
PRODUÇÃO DE CAFÉ NO BRASIL
EM TONELADAS/GRÃOS
|
|
1841/1850
|
1.027.260
|
1851/1860
|
1.575.180
|
1861/1870
|
1.730.820
|
1871/1880
|
2.180.160
|
1881/1890
|
3.199.560
|
1891/1900
|
4.469.460
|
1901/1910
|
7.835.940
|
1911/1920
|
7.230. 180
|
1921/1950
|
8.371.920
|
Fonte: NADAI (1988, 150)
Como
existia um excelente mercado externo para a produção cafeeira, este aumentou
extraordinariamente e com isso o café tornou-se o mais importante produto da
economia brasileira.
IMPORTAÇÕESDO BRASIL PARA
GRÃ-BRETANHA – 1855/1902
|
||||||
ANO
|
ALGODÃO
|
CAFÉ
|
AÇÚCAR
|
CACAU
|
COUROS
|
BORRACHA
|
1855/9
|
3.618.415
|
759.486
|
4.943.455
|
89.455
|
848.063
|
319.528
|
1865/9
|
21.098.913
|
1.825.213
|
6.266.430
|
55.143
|
1.800.443
|
2.122.994
|
1875/9
|
6.271.202
|
4.261.606
|
9.152.871
|
219.819
|
1.791.223
|
4.844.851
|
1885/9
|
4.977.123
|
4.037.228
|
3.609.6343
|
190.924
|
721.894
|
7.551.773
|
1895/9
|
949.492
|
1.122.315
|
894.643
|
381.264
|
243.437
|
14.558.376
|
1905/9
|
4.509.291
|
2.090.438
|
1.080.116
|
723.879
|
424.179
|
32.133.313
|
Fonte: GRAHAN (1973, 81)
Outros
produtos agrícolas tiveram também algum destaque na economia brasileira como o
cacau, produzido no Sul da Bahia, cujo à exploração começou inicialmente na
Amazônia brasileira, o algodão cultivado no agreste e no sertão nordestino
também, os couros de bode ou boi para a confecção de calçados principalmente, e
a borracha produzida na região amazônica.
A
pecuária continuou a ser uma importante atividade econômica do Sul do país e no
chamado triângulo mineiro onde a cidade de Uberaba tornou-se um importante
centro urbano, tanto quanto Corumbá no Mato Grosso do Sul.
Assim
a grande propriedade agrária, latifundiária, monocultora e escravista,
permaneceu como núcleos maiores da vida econômica do Brasil Imperial.
Como
a escravidão africana era um fator inibidor de crescimento do mercado interno,
o Brasil durante o período Imperial ficava sempre a depender das oscilações dos
preços das mercadorias no mercado internacional.
A
sociedade brasileira, da segunda metade do século XIX, caracterizou-se pela
dicotomia e complementaridade entre senhores e seus escravos,
Os
primeiros dependiam de seus escravos para a reprodução do capital através do
trabalho deles, o que dava valor as propriedades territoriais. Os escravos por
sua vez, apesar de serem os geradores da riqueza pelo seu trabalho, não
passavam de “simples mercadorias” passiveis de compra, venda, permuta ou
doação.
Numa sociedade altamente estamental no sentido da relação
“escravo” e seu “amo”, conferia um quadro de rigidez social de feições
nitidamente aristocráticas que caracterizou a sociedade brasileira do II
Império, isso ocorreu mesmo sabendo dos méritos das conquistas sociais
políticas decorrentes das leis abolicionistas que culminaria na promulgação da
Lei Áurea em1888 culminando com a
abolição da escravatura em nosso país.
Uma
das características do Brasil durante o II Império, contrariando a imagem do
nosso país como um “país pacífico”, que primava pela cordialidade das suas
relações diplomáticas com outros países Latino-Americanos; foi o fato de termos
assistido a uma interferência cada vez maior do Brasil em alguns conflitos
regionais como, por exemplo: na Guerra da Província Cisplatina que teria
acontecido entre 1825/28, co o envolvimento de Brasil, Argentina e Uruguai, tendo
como desdobramento por interferência da Inglaterra, o reconhecimento da
Independência por parte do Brasil e da Argentina, sendo o Uruguai considerado
um novo país Latino-Americano. Na Guerra contra Oribe (do Uruguai) e Rosas da
(Argentina) que teria acontecido entre 1850/52 onde o Brasil teria se colocado
a favor de Rivera do Uruguai e a
Argentina teria se aliado a Oribe. O resultado dessa disputa foi que o
Brasil obteve o apoio de Urquiza (Governador de Entre - Rios Corrientes na
Argentina) e derrotou a aliança Oribe -
Rosas.
A chamada Guerra contra Aguirre, ocorrida em 1864/65, integra o
conjunto das Questões Platinas, na História das Relações Internacionais
do Brasil. O conflito se inscreveu na defesa dos interesses do Império do
Brasil naquela região,
diante do rompimento das relações diplomáticas entre a Argentina e o Uruguai,
naquele ano. Mais tarde o Brasil entra em conflito contra o Paraguai, que se
tornou um dos maiores conflitos bélicos brasileiro com um país da América
Latina.
Na visão de Oliveira
Vianna, o ideário republicano embarcou em uma falsa imagem de “equilíbrio” e
“racionalidade” dentro de uma superestrutura de como funcionavam as
instituições políticas administrativa no Brasil durante o II Império.
O período republicano
permanece com as mesmas características do antigo regime - sistema monárquico -
pois, continua “boiando no vácuo”, por assim dizer. Oliveira Vianna nota na
composição sócio-política deste período, os motivos do anacronismo e do “deus-nos-acuda”
que era a realidade nacional da época. Este quadro tem sua origem atrelada à
empresa colonizadora, fundamentada na monocultura latifundiária e no poder
local dos chefes dos clãs (unidades familiares). Não
nos esquecendo que o liberalismo foi lesivo a nossa economia, como também, a
nossa diplomacia, por viés do tradicionalismo de D. Pedro I.
Sergio Buarque de
Holanda delineia determinadas peculiaridades do povo brasileiro, “algumas das
características do povo brasileiro: personalismo, o privilegio, as relações
pessoais do clã , a ausência de espírito público, a respeito da ordem e à
autoridade etc.” GUILHERME (s/d, 21/2)
Então,
tanto para Vianna como para Holanda esses aspectos possuem uma verossimilhança,
pois vislumbra uma forma extremamente incoerente com a constituição política e
social do povo brasileiro, que esta atrelada de forma rudimentar a democracia e
ao federalismo. Estes dados levam a exigência do fim de laços dos grupos de amizade, dando ênfase, em sentido
mais amplo, as relações de mandonismo, privilégios públicos e hierarquização.
E através
dessas concepções que teceremos uma analise simplória deste contexto.
A queda da monarquia
está associada à incapacidade de suas instituições de resolverem, de maneira satisfatória,
os problemas que surgem na nação brasileira. Isso não significa dizer que
oportunidades e novas perspectivas não surgiram, pois, na metade do século XIX, o desenvolvimento socioeconômico
que atingiu o Brasil foi bastante significativo. Contudo, a modernização que atingiu
a economia não foi acompanhada por uma modernização concomitante e igualitária
do sistema político monárquico, onde só se permitia a participação da velha
aristocracia rural e dos modernos empresários, ficando marginalizados os
setores médios da sociedade.
O capitalismo
enraizado, cativo de um ‘ethos’, abafava seu papel e peculiares básicos, o que
mudava o seu próprio espírito. Todavia, essa perda não eliminou a racionalidade
que lhe e inerente, enquanto expressão de uma sistemática mundial de produção.
Caso
se partisse do pressuposto de que as nações da America Latina fossem o centro
irradiador das idéias capitalistas no campo mundial, os ideais vinculados ao
sistema perderiam e/ou mudariam essa racionalidade integral para o restante das
outras nações.
Porém, aqui se instalou “um
capitalismo-rural” que entrou em contradição com a racionalidade do sistema
mundial, a qual é ou tende a ser – urbana daí as crises sucessivas tendentes a
adaptar a expressão real de nosso capitalismo àquela escrita, de sua
racionalidade.
No caso brasileiro, e
especificamente na vida do “baronato” cafeicultor, não se tratava de um
capitalismo “verdadeiro” – já que não é industrial -, mas de um projeto
nacional que, nascido da atividade monocultora e exportadora, sonhava com a
autonomia clássica. Tem-se, no entanto, que não só levaria em consideração a
expansão capitalista, mas também, a difusão das idéias neoliberais no âmbito
universal. Tudo isso, gerou um período de crença ao um “pensamento único” e do
“fim da história”, sendo essas concepções, forças motrizes da não afirmação na
construção de uma republica democrática.
Para o economista
Cícero Péricles de Carvalho este período é considerado o “clímax do longo
processo anterior, cujas tensões e complexidades vão explodir no período
ministerial de Ouro Preto. Tendências federalistas, movimento republicano,
crise religiosa, questão militar, problema servil, sucessão imperial,
predomínio de uma aristocracia decadente, ascensão de novas camadas
oligárquicas, urbanização, lenta renovação das instituições do Império,
constituem o clima em que fermentavam as continuas crises empirias e as
alianças heterogêneas feitas pelos diversos grupos que lutavam contra o sistema
dominante. Como todas estas manifestações foram frutos das transformações
ocorridas na economia e na sociedade brasileira na segunda metade do século
XIX, podemos concluir que estas transformações foram as principais causas da
proclamação da Republica brasileira.”CARVALHO (1982, 269)
Segundo Camille
Blondel, em suas anotações do evento supracitado, quando exercia a função de
encarregado de negócios da França no Rio de Janeiro, na época da “proclamação”,
constatou que todos os artifícios usados pelos vencedores (militares), no fatídico
dia 15 de novembro, levantaram uma história oficial dos fatos ali ocorridos.
Blondel analisou, com isso, a função dos sujeitos históricos do momento, onde
eles tentavam amortizar, de forma ínfima, a parte da casualidade dos fatos,
impondo, assim, sua visão política e ideológica. MURILO (1990, 35/6)
O encarregado percebeu
um elemento trivial nos grandes acontecimentos, ou seja, “a tentativa de
criação do mito de origem”. No tocante a República, segundo ele, a batalha em
si, exercia igual ou maior importância que o advento da proclamação. Que foi um
acontecimento breve em
que não se derramou sangue; que não custou sangue. Na
verdade o que se estava
em pauta, seria o velho e bom status social,
enfim, posicionamentos dentro da maquina
administrativa governamental, além dos títulos de propriedade que cada um
julgava ter sobre o novo regime.
“(...) O individuo é dotado de personalidade, isto é, de uma
mascara social, que pode ao longo da vida social, construir uma permanência ou
um fator de rupturas e criatividade (...) O trabalho social em que se
constituem as praticas sociais, alimenta ambas as categorias de valores, de um
modo as vezes simultânea (...).”
LINDOSO (2005, 30)
É publico e notório que o fenômeno militar teve sua grande fatia
de responsabilidade sobre o advento da proclamação. De certo este advento foi,
em boa parte, desatrelado do movimento republicano civil, todavia, não consiste
afirma que o estudo pura e simplesmente do fenômeno em si, simplifique,
explique ou esclareça o que foi o novo regime, na visão de Blondel.
Para Camille seria
incoerente não aceitar “o 15 de novembro”, como se o mesmo saísse da mera
causalidade ou acidente. Pois, ainda que tenhamos que ir mais a fundo no estudo
do período republicano, é inegável que o que cerca a atmosfera daquele momento,
no que se refere a proclamação, é detentor de um alto valor simbólico. Tanto
Deodoro como Floriano ou Benjamin Contant1 e Quintino Bocaiúva2
queriam ver seus nomes marcados na história do Brasil, fato este que reflete a
busca pelo poder, naquele momento, e toda discrepância que paira sobre a
República.
_______________________
1- Benjamin Constant Botelho de Magalhães nasceu no Rio de Janeiro em
1833, faleceu aí em 1891. Militar político, brasileiro, professor e fundador da
República. Em 1852 ingressou no Exército; matriculou-se na Escola Militar em
1853, foi aluno do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro e apresentava
também vocação acentuada pela matemática. Acompanhou em 1860 as operações do
Primeiro Corpo do Exército de Engenheiros, onde distinguiu-se pelos atos de
bravura e valentia. Foi professor de matemática. Esteve na Guerra do Paraguai
onde se distinguiu pelo otimismo e bravura. Sendo obrigado a afastar-se devido
a febre palustre, que o atacara, retornou ao Brasil. Fundou a Escola Normal
Superior, foi promovido a Major em 1855 e a Tenente em 1888; nesse mesmo ano
recebeu a patente de Coronel. Em 15 de Novembro de 1889 colocou-se diante das
tropas que participaram da derrubada do lmpério. Aceitou a Pasta da Guerra pela
insistência do Governo Provisório. Foi promovido a General de Brigada. Em 1890,
criada a Pasta da Instrução Pública, foi nomeado a Diretor. Foi ele que criou
na Bandeira Brasileira a divisa “Ordem e Progresso”. Havendo desentendimento
entre Deodoro e o Ministro, Benjamin acabou por deixar a política. Morreu em
extrema pobreza. Suas principais obras:” Memórias sobre a Teoria das
Quantidades Negativas” e “Relatório sobre a Organização do Ensino dos Cegos”.
Exemplo de grande idealista não conseguiu adaptar-se à política. Manteve-se
firme nas suas opiniões e jamais deixou de defender seus ideais.
2- Republicano
histórico, sua ação se desenvolveu sobretudo na imprensa. Jornalista polêmico,
louvado pelos contemporâneos pela agressividade e lógica do discurso, carecia
de certa informação teórica, falha que o limitou ao ataque circunstancial à
monarquia, sem chegar a produzir obra ideologicamente mais profundas. Pertencia ao grupo maçom dos propagandistas, infenso ao
positivismo. Foi o único civil a desfilar, ao lado do marechal Deodoro da
Fonseca e de Benjamin
Constant, com as tropas que se
dirigiram ao quartel-general na manhã de 15 de novembro de 1889.
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